Depois
de oito temporadas, a dramédia de grande sucesso da ABC, “Desperate Housewives,
termina nesta noite com um episódio especial de duas horas que começa às 22h.
Marc Cherry, produtor e criador da série, falou
dos vários aspectos do show ao longo dos anos, como vai terminar e o que você
deve procurar no episódio final.
ASSIGNMENT X: A amizade
entre as mulheres de Wisteria Lane é profunda, mas tende a ser muito
conflituosa...
MARC CHERRY: “Uma
das coisas que aprendi em ‘The Golden Girls’ é que você quer que suas senhoras
sejam muito próximas e simpáticas... Mas é mais engraçado se elas estão em
conflito, por isso decidimos colocá-las em conflito.”
AX: Como você se sente a
respeito da terceira temporada de “Desperate Housewives”, quando você teve que
mudar alguns elementos da história e transformá-los em eventos da vida real?
CHERRY: “Quer
saber? Eu estava muito satisfeito. Tivemos um problema, uma curva, quando
Marcia Cross engravidou, e isso meio que estragou a minha história, então eu
tive que correr e finalizar a trama dela ainda em Fevereiro, mas além disso, eu
estava realmente satisfeito. Eu acho que foi um ano coerente e engraçado. E eu quero
sempre que as histórias sejam bem-humoradas. Mas também gosto de ir mais fundo.
Esse é meu objetivo, me pressionar para dizer ainda mais.”
AX: Conte-nos sobre as
origens de Bree...
CHERRY: “Dana
Delany veio para os testes originais da Bree e foi fantástica na audição. Eu a
ofereci o papel três vezes. E ela recusou três vezes. Marcia era a minha
segunda opção, e a razão de ela ser minha segunda opção era saber que Marcia
interpretaria Bree, uma Bree um tanto absorta. Dana seria uma Bree mais astuta,
e essa é a personagem que pensei que queria. Dana, por razões que eu ainda não entendo,
decidiu passar o show. Eu disse isso à Dana – o interessante é que, o modo como
ela se apresentou nas audições, ela acabou me revelando: ‘Essa personagem é
igual minha mãe’. Claro que isso me fez rir, porque eu a criei em base na minha
mãe. E minha mãe, embora muito doce, tem uma espécie de senso de humor
malicioso, e foi assim que Dana se apresentou. Então Dana realmente captou a
qualidade exata. Já a Marcia, é o tipo de pessoa que diz ‘Ah, eu não sou
engraçada. Não entendi a piada’. Ela é uma espécie de Bree alheia à sua própria
personalidade e bagunça. Curiosamente, quando fomos adiante com o show, muito
devagar, eu fui dizendo: ‘Ah! Essa é a qualidade. Deixe-me fazer deste modo.’ E
ela tornou-se algo muito mais engraçado do que eu tinha inicialmente imaginado...
E então a Katherine apareceu, e ela tem muitas coisas alfa a respeito do sexo
feminino, um monte de astúcia e algum tipo de escuridão. E eu pensei, ‘Quer saber?
Vou dar outra chance à Dana’. Então voltei a implorar, e tenho certeza que
ameaças estiveram envolvidas na negociação, mas eu tive sorte, e conseguimos
Dana. A personagem da Dana Delany era muito alfa fêmea, o que foi como uma
bomba, e como um contra, para as nossas mulheres. Especialmente para Bree. Eu
estava muito feliz e me senti como, ‘Ah! Nós temos a Dana! Agora eu posso colocar
esse demônio para descansar’.”
AX: Nathan Fillion
interpretou o marido de Dana Delany em “Desperate Housewives”. Eles também
interpretaram um casal antes, em “Pasadena”.
CHERRY: “Eu
não sabia quando os escolhi. De repente eu descobri – as pessoas estavam
dizendo, ‘sabe? Eles trabalharam juntos!’. Me dei conta de Nathan Fillion como
ator em ‘Serenity’, que foi escrito por Joss Whedon. Eu trabalhei com o pai de
Joss, Tom Whedon, em ‘Golden Girls’, então eu sempre observei a carreira de
Joss, porque eu sabia que seu pai era ótimo. O engraçado é, quando eles
disseram ‘Nathan Fillion’, eu não sabia quem ele era. E então me lembrei, ‘Ah!
É aquele cara bonito de SERENITY!’ Então eles nos apresentaram, começamos a
sair e ele é um dos caras mais legais do mundo. E então eu disse: ‘Vem brincar
com a gente!’.”
AX: Você começou a
quinta temporada com um salto no tempo de cinco anos. Essa ideia saiu como você
havia planejado?
CHERRY: “Sabe,
é engraçado. O salto de cinco anos, isso realmente foi um risco, mas para mim,
artisticamente, pegou muito bem e revigorou a série. Nós sempre fizemos – não
sempre, mas ocasionalmente fizemos pequenos saltos no tempo –, acho que fizemos
um salto de seis meses e um mês no início das temporadas. Eu não faria nada tão
extremo novamente, porque as pessoas que seriam prejudicadas são as crianças.
Porque você pode colocar óculos em Eva Longoria, e dizer que ela está alguns
anos mais velha, mas com as crianças, há uma mudança radical. Eu amo os
pequeninos que haviam começado no show, mas alguns deles que são adolescentes
na série, por exemplo, eu não iria querer dizer adeus.”
AX: Você pode falar
sobre colocar Vanessa Williams como Renée Perry no elenco regular no início da
sétima temporada?
CHERRY: “Uma
das coisas que aprendi durante a evolução da série, é que um monte de talentos
diferentes é obrigado a estar em ‘Desperate Housewives’. Você tem que ser capaz
de fazer drama e comédia. Para o drama, você tem que ter o brilho em seu olho e
a comédia, na verdade, tem que ser muito enraizada. E ao longo dos anos, acho
que algumas adições foram mais sucedidas do que outras. O mais interessante é
que essa ideia surgiu do Steve McPherson, que era executivo da ABC. Ele nunca
sugeriu pessoas para o elenco. Ele me chamou antes de eu ir para minhas
pequenas férias em Nova Iorque, e disse: ‘Ei, que tal a Vanessa? Ugly Betty
está terminando – o que vai acontecer com ela?’. No começo, eu fiquei muito
cético. Porque ela estava saindo de outro show da ABC, e não estava realmente no
meu radar, e então eu disse: ‘Ok, deixe-me encontrar com ela’. Então eu entrei
em um restaurante em Nova Iorque, com os braços cruzados, e quando a vi, me
apaixonei e vi que o que havia de incrível nela, era a tonalidade para fazer parte
da série. Eu sabia que ela era capaz de fazer comédia perversa em base no seu
desempenho em ‘Ugly Betty’, mas o que realmente me impressionou foi o seu
entendimento do que nós já havíamos feito até ali, e esse foi o acordo mais
rápido da história de ‘Desperate Housewives’. Encontrei-me com ela para almoçar
numa quinta-feira, e na terça-feira de manhã, o acordo estava fechado. Isso foi
antes do anúncio oficial da programação da ABC. ‘Eles já fecharam os anúncios?
De todos os negócios que fizemos no passado, que duraram semanas e semanas,
este acabou de acontecer.’ E isso se deu ao fato de Vanessa realmente querer
estar na série e a ABC também queria ela lá. Foi uma espécie de sonho
realizado, e têm sido incrível desde então.”
AX: Como você escreveu a
última temporada?
CHERRY: “Eu
já sabia há anos a última cena da série. E o que é engraçado sobre isso – eu
não dou nada de graça. Sou um grande fã dos livros do ‘Harry Potter’ e um
grande fã da J.K. Rowling. Eu meio que me identifico com ela um pouquinho,
porque ela começou por baixo e então encontrou esse enorme sucesso e eu vivi a
mesma coisa, e eu amo o fato de ela sempre dizer que sempre soube o capítulo
final de ‘Harry Potter’, então isso me fez pensar em como eu queria que a série
terminasse, ainda na primeira temporada. Eu tenho tudo mapeado na minha cabeça,
então quando soubemos que essa seria a última temporada, eu disse a todos os
meus escritores: ‘Ok, nós vamos escrever de forma que a conclusão seja essa.’ E
então construímos a oitava temporada de acordo com o final.”
AX: Então todos eles vão
trabalhar no Ministério da Magia no final?
CHERRY: “Estou
fazendo um híbrido com J.K. Rowling.”
AX: Você escreveu dois
novos pilotos. Você quer um respiro após “Desperate Housewives”, ou quer
começar algo novo logo depois?
CHERRY: “Por
um lado, é como vestir seu casaco velho favorito. E eu amo esse casaco velho, é
tão confortável. Mas há sempre aquela voz na sua cabeça dizendo: ‘Quer
experimentar coisas novas antes de morrer?’, e uma das coisas difíceis de fazer
em ‘HALLELUJAH’ era o fato de ser um choque cultural, porque eu estava
escrevendo um idioma do sul, mas acabou sendo algo muito gratificante, porque
foi algo como ‘Ah, bom, eu sou capaz de escrever uma outra coisa’. E então
estou trabalhando em ‘DEVIOUS MAIDS’, e é um tipo totalmente diferente de
tonalidade e eu tive um tempo muito bom com isso. Então, sabe, você está
animado para trabalhar em coisas novas, mas há algo confortavelmente terrível
em ‘Desperate Housewives’, que é o fato de eu conhecer muito bem essas mulheres
e eu sei como agradá-las quando me sento, então eu vou perder isso,
definitivamente.”
AX: Em todos os oitos
anos de “Desperate Housewives”, você pensou em fazer uma participação especial?
CHERRY: “Quer
saber? Eu vou fazer uma participação no último episódio, uma aparição em algum
lugar, como Alfred Hitchcock tanto fez em seus filmes. Eu não pude fazer antes,
porque sempre estive sobrecarregado, estou sempre escrevendo. Mas eu quero me
colocar nesse mundo. Eu quero me ver em Wisteria Lane. Então eu provavelmente
vou interpretar um carteiro ou um leiteiro no episódio final. Algo assim.”
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