domingo, 13 de maio de 2012

Entrevista: Marc Cherry fala sobre o final da série


Depois de oito temporadas, a dramédia de grande sucesso da ABC, “Desperate Housewives, termina nesta noite com um episódio especial de duas horas que começa às 22h.

Marc Cherry, produtor e criador da série, falou dos vários aspectos do show ao longo dos anos, como vai terminar e o que você deve procurar no episódio final.

ASSIGNMENT X: A amizade entre as mulheres de Wisteria Lane é profunda, mas tende a ser muito conflituosa...
MARC CHERRY: “Uma das coisas que aprendi em ‘The Golden Girls’ é que você quer que suas senhoras sejam muito próximas e simpáticas... Mas é mais engraçado se elas estão em conflito, por isso decidimos colocá-las em conflito.”

AX: Como você se sente a respeito da terceira temporada de “Desperate Housewives”, quando você teve que mudar alguns elementos da história e transformá-los em eventos da vida real?
CHERRY: “Quer saber? Eu estava muito satisfeito. Tivemos um problema, uma curva, quando Marcia Cross engravidou, e isso meio que estragou a minha história, então eu tive que correr e finalizar a trama dela ainda em Fevereiro, mas além disso, eu estava realmente satisfeito. Eu acho que foi um ano coerente e engraçado. E eu quero sempre que as histórias sejam bem-humoradas. Mas também gosto de ir mais fundo. Esse é meu objetivo, me pressionar para dizer ainda mais.”

AX: Conte-nos sobre as origens de Bree...
CHERRY: “Dana Delany veio para os testes originais da Bree e foi fantástica na audição. Eu a ofereci o papel três vezes. E ela recusou três vezes. Marcia era a minha segunda opção, e a razão de ela ser minha segunda opção era saber que Marcia interpretaria Bree, uma Bree um tanto absorta. Dana seria uma Bree mais astuta, e essa é a personagem que pensei que queria. Dana, por razões que eu ainda não entendo, decidiu passar o show. Eu disse isso à Dana – o interessante é que, o modo como ela se apresentou nas audições, ela acabou me revelando: ‘Essa personagem é igual minha mãe’. Claro que isso me fez rir, porque eu a criei em base na minha mãe. E minha mãe, embora muito doce, tem uma espécie de senso de humor malicioso, e foi assim que Dana se apresentou. Então Dana realmente captou a qualidade exata. Já a Marcia, é o tipo de pessoa que diz ‘Ah, eu não sou engraçada. Não entendi a piada’. Ela é uma espécie de Bree alheia à sua própria personalidade e bagunça. Curiosamente, quando fomos adiante com o show, muito devagar, eu fui dizendo: ‘Ah! Essa é a qualidade. Deixe-me fazer deste modo.’ E ela tornou-se algo muito mais engraçado do que eu tinha inicialmente imaginado... E então a Katherine apareceu, e ela tem muitas coisas alfa a respeito do sexo feminino, um monte de astúcia e algum tipo de escuridão. E eu pensei, ‘Quer saber? Vou dar outra chance à Dana’. Então voltei a implorar, e tenho certeza que ameaças estiveram envolvidas na negociação, mas eu tive sorte, e conseguimos Dana. A personagem da Dana Delany era muito alfa fêmea, o que foi como uma bomba, e como um contra, para as nossas mulheres. Especialmente para Bree. Eu estava muito feliz e me senti como, ‘Ah! Nós temos a Dana! Agora eu posso colocar esse demônio para descansar’.”

AX: Nathan Fillion interpretou o marido de Dana Delany em “Desperate Housewives”. Eles também interpretaram um casal antes, em “Pasadena”.
CHERRY: “Eu não sabia quando os escolhi. De repente eu descobri – as pessoas estavam dizendo, ‘sabe? Eles trabalharam juntos!’. Me dei conta de Nathan Fillion como ator em ‘Serenity’, que foi escrito por Joss Whedon. Eu trabalhei com o pai de Joss, Tom Whedon, em ‘Golden Girls’, então eu sempre observei a carreira de Joss, porque eu sabia que seu pai era ótimo. O engraçado é, quando eles disseram ‘Nathan Fillion’, eu não sabia quem ele era. E então me lembrei, ‘Ah! É aquele cara bonito de SERENITY!’ Então eles nos apresentaram, começamos a sair e ele é um dos caras mais legais do mundo. E então eu disse: ‘Vem brincar com a gente!’.”

AX: Você começou a quinta temporada com um salto no tempo de cinco anos. Essa ideia saiu como você havia planejado?
CHERRY: “Sabe, é engraçado. O salto de cinco anos, isso realmente foi um risco, mas para mim, artisticamente, pegou muito bem e revigorou a série. Nós sempre fizemos – não sempre, mas ocasionalmente fizemos pequenos saltos no tempo –, acho que fizemos um salto de seis meses e um mês no início das temporadas. Eu não faria nada tão extremo novamente, porque as pessoas que seriam prejudicadas são as crianças. Porque você pode colocar óculos em Eva Longoria, e dizer que ela está alguns anos mais velha, mas com as crianças, há uma mudança radical. Eu amo os pequeninos que haviam começado no show, mas alguns deles que são adolescentes na série, por exemplo, eu não iria querer dizer adeus.”

AX: Você pode falar sobre colocar Vanessa Williams como Renée Perry no elenco regular no início da sétima temporada?
CHERRY: “Uma das coisas que aprendi durante a evolução da série, é que um monte de talentos diferentes é obrigado a estar em ‘Desperate Housewives’. Você tem que ser capaz de fazer drama e comédia. Para o drama, você tem que ter o brilho em seu olho e a comédia, na verdade, tem que ser muito enraizada. E ao longo dos anos, acho que algumas adições foram mais sucedidas do que outras. O mais interessante é que essa ideia surgiu do Steve McPherson, que era executivo da ABC. Ele nunca sugeriu pessoas para o elenco. Ele me chamou antes de eu ir para minhas pequenas férias em Nova Iorque, e disse: ‘Ei, que tal a Vanessa? Ugly Betty está terminando – o que vai acontecer com ela?’. No começo, eu fiquei muito cético. Porque ela estava saindo de outro show da ABC, e não estava realmente no meu radar, e então eu disse: ‘Ok, deixe-me encontrar com ela’. Então eu entrei em um restaurante em Nova Iorque, com os braços cruzados, e quando a vi, me apaixonei e vi que o que havia de incrível nela, era a tonalidade para fazer parte da série. Eu sabia que ela era capaz de fazer comédia perversa em base no seu desempenho em ‘Ugly Betty’, mas o que realmente me impressionou foi o seu entendimento do que nós já havíamos feito até ali, e esse foi o acordo mais rápido da história de ‘Desperate Housewives’. Encontrei-me com ela para almoçar numa quinta-feira, e na terça-feira de manhã, o acordo estava fechado. Isso foi antes do anúncio oficial da programação da ABC. ‘Eles já fecharam os anúncios? De todos os negócios que fizemos no passado, que duraram semanas e semanas, este acabou de acontecer.’ E isso se deu ao fato de Vanessa realmente querer estar na série e a ABC também queria ela lá. Foi uma espécie de sonho realizado, e têm sido incrível desde então.”

AX: Como você escreveu a última temporada?
CHERRY: “Eu já sabia há anos a última cena da série. E o que é engraçado sobre isso – eu não dou nada de graça. Sou um grande fã dos livros do ‘Harry Potter’ e um grande fã da J.K. Rowling. Eu meio que me identifico com ela um pouquinho, porque ela começou por baixo e então encontrou esse enorme sucesso e eu vivi a mesma coisa, e eu amo o fato de ela sempre dizer que sempre soube o capítulo final de ‘Harry Potter’, então isso me fez pensar em como eu queria que a série terminasse, ainda na primeira temporada. Eu tenho tudo mapeado na minha cabeça, então quando soubemos que essa seria a última temporada, eu disse a todos os meus escritores: ‘Ok, nós vamos escrever de forma que a conclusão seja essa.’ E então construímos a oitava temporada de acordo com o final.”

AX: Então todos eles vão trabalhar no Ministério da Magia no final?
CHERRY: “Estou fazendo um híbrido com J.K. Rowling.”

AX: Você escreveu dois novos pilotos. Você quer um respiro após “Desperate Housewives”, ou quer começar algo novo logo depois?
CHERRY: “Por um lado, é como vestir seu casaco velho favorito. E eu amo esse casaco velho, é tão confortável. Mas há sempre aquela voz na sua cabeça dizendo: ‘Quer experimentar coisas novas antes de morrer?’, e uma das coisas difíceis de fazer em ‘HALLELUJAH’ era o fato de ser um choque cultural, porque eu estava escrevendo um idioma do sul, mas acabou sendo algo muito gratificante, porque foi algo como ‘Ah, bom, eu sou capaz de escrever uma outra coisa’. E então estou trabalhando em ‘DEVIOUS MAIDS’, e é um tipo totalmente diferente de tonalidade e eu tive um tempo muito bom com isso. Então, sabe, você está animado para trabalhar em coisas novas, mas há algo confortavelmente terrível em ‘Desperate Housewives’, que é o fato de eu conhecer muito bem essas mulheres e eu sei como agradá-las quando me sento, então eu vou perder isso, definitivamente.”

AX: Em todos os oitos anos de “Desperate Housewives”, você pensou em fazer uma participação especial?
CHERRY: “Quer saber? Eu vou fazer uma participação no último episódio, uma aparição em algum lugar, como Alfred Hitchcock tanto fez em seus filmes. Eu não pude fazer antes, porque sempre estive sobrecarregado, estou sempre escrevendo. Mas eu quero me colocar nesse mundo. Eu quero me ver em Wisteria Lane. Então eu provavelmente vou interpretar um carteiro ou um leiteiro no episódio final. Algo assim.”

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